De chocolate a pão quente, os cheiros falsos que as empresas usam para te convencer a comprar

É possível que, em algum momento da vida, você tenha sido seduzido pelo cheiro de pão fresquinho enquanto caminhava pela rua.

É possível também que, por isso, você não tenha resistido a entrar na padaria mais próxima.

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O que talvez você não saiba é que esse aroma de pão fresquinho pode não ter sido “real” – mas um cheiro artificial especialmente produzido para atrair consumidores e aumentar as vendas.

Fazendo marketing dos seus sentidos

A busca pelo chamado “marketing olfativo” aumentou consideravelmente na última década.

Mas existem campos de ação distintos: alguns envolvem segmentos de mercado inteiros, enquanto outros ligam uma marca específica a certos aromas.

Eric Spangenberg, pesquisador da Universidade da Califórnia, é especialista em marketing olfativo e já fez um estudo que mostrou gastos 20% maiores em lojas que “conquistam o cliente pelo nariz”.

O segredo, segundo o especialista, é o uso de fragrâncias simples.

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Confira abaixo alguns exemplos de sucesso.

1. Plástico com cheiro de couro

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O couro é sintético, mas tem cheiro próximo ao real

Fabricantes de produtos de couro sintético usam amplamente fragrâncias de couro de verdade em itens como roupas e móveis.

Mesmo que o material sintético esteja no rótulo do produto, o cheiro do couro real pode ajudar a influenciar o comprador – embora o preço mais baixo do couro falso também tenha esse papel.

2. Sensação de Natal

O ‘cheiro’ de Natal é reforçado nos pinheiros

Populares no hemisfério Norte, pinheiros comprados para a decoração de Natal ganham aromas adicionais – tanto em árvores reais quanto de plástico.

O mesmo acontece nas lojas quando o período de festas se aproxima.

3. A armadilha de pipoca

Parte importante da receita das redes de cinema vem dos alimentos – por isso, um reforço naquele cheirinho de pipoca é bem vindo

O cheiro de pipoca, algo tão facilmente associado ao ambiente dos cinemas, também ganha reforço de fragrâncias artificiais nas grandes redes de exibição.

É um passo crucial para essas empresas, já que uma fatia considerável da receita nos cinemas vem da venda de alimentos e bebidas.

4. Um café para acompanhar a gasolina?

Vai um café? Que tal encher o tanque?

Muitos postos de gasolina têm lojas de conveniência que se valem de aromas artificiais de café para estimular o olfato – e as vendas.

O mundo ama café: estima-se que sejam consumidas 2,25 bilhões de xícaras da bebida por dia.

A aposta é que, se as pessoas sentirem aquele cheirinho, pararão para comprar – e se isso for feito em um posto, poderão encher o tanque de gasolina também.

5. Gosto e aroma doces

Lojas de guloseimas também apostam na doçura dos aromas

Lojas de guloseimas não costumam produzir doces in loco, mas muitas vezes cheiram a chocolate.

Por quê?

Bem, o uso de aromas artificiais é mais uma estratégia para atrair clientes – especialmente crianças -, combinando estímulos visuais com os olfativos.

6. Cheiro de pão… fresco?

O cheirinho de pão fresco é um dos exemplos clássicos do marketing olfativo

Este é um dos exemplos mais clássicos do marketing olfativo: o cheiro do pão que acabou de ser assado.

A adição dessa fragrância em particular não serve apenas para estimular o apetite, mas também as memórias, como as da infância.

Supermercados usam técnicas semelhantes em suas seções de produtos frescos, como frutas.

7. Desejos

Lojas de roupas também recorrem aos cheiros artificiais.

É o caso dos aromas de coco e manga, usados para remeter os clientes a um clima de férias, ou então de fragrâncias de rosa – usadas por lojas de lingerie por supostamente aumentarem a sensação de confiança.

Como sua marca cheira?

Algumas empresas desenvolvem aromas específicos para suas marcas.

Um perfume próprio acaba vinculado à identidade de marca, ao lado de slogans ou logotipos. Isso ocorre especialmente no mercado de luxo.

“O nariz é tão importante quanto os olhos no momento de escolher um produto, de avaliar a atmosfera, de tomar uma decisão ou de lembrar de alguma coisa”, diz Olivia Jezler, diretora-executiva da consultoria de marketing olfativo The Future of Smell.

“Nosso olfato é o único sentido que estabelece uma ligação direta entre nossas emoções e a memória”, afirma Jezler à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.

“Para as marcas, a experiência sensorial ajuda a criar lealdade, e isso leva ao aumento das vendas.”

A Singapore Airlines desenvolveu aromas específicos para seus itens de higiene distribuídos a clientes

E o marketing olfativo não se restringe a bens tangíveis. Companhias aéreas e hotéis, por exemplo, também investem em experiências sensoriais.

A Singapore Airlines foi pioneira no uso de um perfume específico para os lenços e toalhas distribuídos aos passageiros, tornando-os mais relaxados.

Segundo a gigante de itens esportivos Nike, pesquisas já provaram que o acréscimo de aromas a suas lojas tornava os clientes “mais propensos a comprar”.

Até mesmo uma loja de brinquedos de Londres, a Hamleys, entrou na onda: recentemente, o espaço foi tomado por um aroma do coquetel piña colada (feito de coco, abacaxi e rum).

O resultado? Os pais “demoraram mais” nos corredores, enquanto as crianças se maravilhavam com os brinquedos.

fonte: BBC Brasil

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