Pq tudo está sendo substituído por esse bom-mocismo sem sal nem açúcar, estas idéias “legais”, bem produzidinhas, com um puta fotógrafo, que cobrou uma fortuna e a gente não consegue lembrar o nome do anunciante? Veja bem, todas as lembranças acima são associadíssimas ao anunciante: “o cachorrinho da Cofap”, “Não é uma Brastemp”, etc,etc,etc… Quem se lembra do último comercial do grande magazine que custou uma fortuna e é um clipão de imagens de pessoas “superbem” na vida? Quem se lembra do filme que está no ar agora do Banco do Brasil? Custou uma fortuna, e é um clip de gente “superbem” na vida. Quem sabe, pelo amor de Deus, quem é a financeira ou banco que assina o comercial da Suzana Vieira? Quem souber ganha um brinde.
O que eu quero dizer é que precisamos trazer de volta, ou não deixar que se percam, as grandes idéias. Precisamos delas como elas precisam de nós. Corra até o sanatório mais próximo e busque as suas. Isso vale para o mercado como um todo, vale para o atendimento, para o planejamento, para os donos de agências, vale para a criação. Também não adianta ficar atrás da mesa e dizer, fazendo beicinho ou rilhando os dentinhos, que “a atendimento não se esforçou o suficiente” para aprovar a sua idéia, como se tudo fosse uma questão de empilhar sacos de açúcar. Eu sei, elas, as grandes idéias, ficam incomodando e é muito mais fácil (para todo mundo) aprovar aquela idéiazinha ali, boa mocinha, com uma gracinha no final, afinal a gerente de mkt que é sua amiga “superquerida” não pode de jeito nenhum se incomodar com um absurdo escandaloso que é apresentar uma grande idéia para o presidente da empresa.
Vai que ela, a superquerida, queira que você vá junto ainda para apresentar, ou leve a criação e “argumentos sólidos” para aprovar aquela maluquice. Meu Deus, que correria, não vai dar, senão você pode perder o almoço no Le Bistrot, eu entendo.
Só que tem uma coisa: sem idéias fortes, que surpreendam o cliente, vá lá, às vezes pelo menos, não vai mais ter Le Bistrot para ninguém.
Idéias fortes, ganchudas (que palavra contundente né) que envolvem o cliente e o fazem gritar “é isso”, aumentar a verba da mídia por causa da campanha, que é tão boa que ele precisa investir mais, idéias que enfeixam tudo que precisa ser dito, estas é que são, como já escrevi, a “Pedra de Toque” de nosso mercado. Está no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “Pedra de Toque” é: meio, teste ou critério para determinar a qualidade ou genuinidade de algo, padrão de aferimento, enfim. Ou seja, nosso mercado, nosso negócio, a cadeira que você está sentado neste momento, ele, ela, tudo a sua volta é avaliado pela capacidade de manter este padrão alto o suficiente para convencer o anunciante a abrir o cofre e investir. Ah, você acha que não é para tanto?
Experimente então apresentar um planejamento maravilhoso, um Power Point indiscutível, um Presentation espetacular e depois, na hora da campanha, uma ideiazinha qualquer. Veja a cara de decepção do Presidente da empresa, muitas vezes contrária à cara de satisfação da amiga gerente de mkt que acabou de voltar do almoço no Lêbis (para os íntimos do lugar) e você vai entender tudo, a decepção que vier é a decepção com você, com a criação, com a gerente de mkt, com a agência, com o atendimento recebido, com a função que nos foi destinada e que não está sendo cumprida à contento.
E aí, dê-lhe desconto na mídia, negociações pirotécnicas, cross-media, pesquisas de satisfação, uma página superlegal na internet, visitas ao ponto de venda com cliente oculto e mais um descontinho, e tudo o mais que é supernecessário, mas que geralmente vem sendo usado para compensar a falta do que realmente deveria aparecer: uma idéia “deste” tamanho em cima da mesa, que cala a boca de todo mundo e faz a dona de casa sair comprando, como uma lêmure apaixonada. Esse é o nosso trabalho, não podemos e não devemos fugir dele. Um excelente dia de trabalho a todos que ainda pensam assim.
Alexandre Assumpção
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