Um texto meio atípico aqui no blog mas quando vi, e como adoro desenhos, não pude deixar de colocar o registro por aqui.
Vocês já pararam para pensar que as princesas da Disney começaram a parecer mais jovens nos últimos anos? Se pegarmos a Branca de Neve (1937) e a Moana (2016) vamos notar que uma delas parece bem mais nova que a outra, mas Branca de Neve tinha 14 anos e Moana 16.
Essa síndrome de “Benjamin Button” das princesas foi notada pelo Ph.D. em biologia e autor de livros científicos, Joe Hanson, do canal It’s Okay To Be Smart, mas nós vamos explicar tudo aqui para você.
O cientista notou esse aspecto infantil do design das princesas depois que se tornou pai e começou a assistir as animações com mais frequência.
3 Pontos marcantes que mudaram com o passar do tempo
1. O crescimento da cabeça
– Tamanho da cabeça ao longo do tempo
2. O crescimento dos olhos
– Tamanho dos olhos ao longo do tempo
3. O corpo com proporções infantis
– Criança com 10 anos e Elsa com 22 anos
Lógico que também não podemos descartar os anos e os padrões de beleza feminina de cada época. Porém, outros desenhos animados também passaram por mudanças de traço e não sofreram as mesmas alterações.
Jovem não, fofinha sim!
Quando pensamos na anatomia de um bebê as características mais marcantes são cabeças grandes, olhos grandes e corpos pequenos.
Quando nascemos nossos olhos já tem 75% do tamanho que vamos ter quando adultos e o volume do cérebro com 3 meses de vida é 55% comparado a um adulto. Sendo assim as princesas (cabeçudas, olhudas e menores) não rejuvenesceram, só ficaram mais “encantadoras”.
Para justificar sua conclusão, Hanson menciona o zoólogo Konrad Zacharias Lorenz, o austríaco naturalista especulava que a “fofura” é algo que desperta um sentimento de amor e ternura nos outros (leia mais aqui). E que pode ser mais fofo do que filhotes, bebês e princesas com cara de criança?
A Disney está usando essas características para fazer a audiência gostar mais e mais de seus protagonistas com traços juvenis do que seus vilões com cara de adulto.
Mickey Mouse também ficou mais fofinho (e mais legal)
Quem assistiu os desenhos antigos do Mickey Mouse, principalmente aqueles em preto e branco, vai conseguir lembrar que ele era meio babaca rude e feioso, sendo que hoje ele é amigável e fofinho.
– Mickey das antigas.
Bom, isso pode ser explicado por um processo evolutivo chamado Neotenia, presente em animais que embora se desenvolvam normalmente, continuam com os traços de filhotes, como gatos, cachorros e outros animais domesticados.
Porém, se analisarmos outras espécies da mesma família como lobos e tigres, esse processo não se aplica.
Um experimento foi feito pelo cientista soviético Dmitry Belyaev, que tentou domesticar raposas e notou diferenças significativas em sua anatomia, em outras palavras, com o passar das gerações elas começaram a ficar mais fofinhas, enquanto as especies livres não. Mas você pode entender melhor aqui.
Conclusão: Nós somos grandes bebezões!
Podemos ver o conceito de Neotenia até em nós mesmos. Diferente de outros primatas, nós temos menos pelos, membros mais curto, rostos mais planos e nosso crânio se modifica pouco com a idade. Para alguns biólogos sempre teremos características de “filhotes”.
Claro que nossas diferenças também nos trouxeram muitos benefícios evolutivos, menos pelos ajudam a correr, rostos mais visíveis fazem com que o reconhecimento social seja mais fácil e ainda conseguimos nos organizar para lidar com algo maior que nós.
Além de que esses cabeções guardam um cérebro que necessita de anos de desenvolvimentismo fazendo de nós a especie que demora mais tempo para se desvencilhar dos pais.
Para os animais a infância é uma época de aprendizagem e experimentação, nós humanos estamos aprendendo e experimento enquanto vivemos. Deve ser por isso que muito de nós ainda ama desenhos e está lendo (ou escrevendo) esse artigo. Nós podemos até ficar mais velhos, porém nunca, de fato, crescemos e isso é o que nós faz mais humanos!
Assista ao Vídeo Completo (em inglês)
fonte: It’s okay to be smart, Hypescience, Nobel Prize
tradução: Caroline Simoes do site Almanaque SOS