Em algumas nações é fácil reconhecer estas inter-relações e caracterizar a função dos programas locais. Nos países escandinavos, por exemplo, o design é planejado como um fator para a qualidade de vida da população. Propriedade industrial é um tópico importante no mercado asiático e assim enfocado por centros de design da Coréia, Japão e Cingapura. Na Inglaterra o estável incentivo governamental ao setor permite o estabelecimento de programas de identidade corporativa até mesmo com as repartições públicas. O contrário acontece nos EUA, onde, fora das prioridades do governo, o design é organizado por associação de profissionais, buscando atualmente, fixar laços com o setor de negócios.
No entanto, em alguns lugares, o relacionamento das conhecidas características locais e das estratégias adotadas não fica tão claro. Barcelona, por exemplo, parece ter forte tradição no design. No entanto, o estudo recente de uma política para a Catalunha mostrou a necessidade de partir do básico e esclarecer o que é design para a indústria local. Uma outra revisão de estratégia está levando o Japão, um país de 377 mil km2, a abrir mão de um centro de design nacional e estabelecer 212 centros locais/setoriais (duzentos e doze!).
Mas onde se fundamentam estas estratégias? Certamente no perfeito entendimento do contexto destas nações. De entender que um dos motivos para a resistência ao uso do design pelas pequenas empresas catalãs é a sua limitada percepção do que é design, resultado da forte influência de movimentos artísticos como o Art Noveau de Gaudi naquela região. Ou de perceber que em um país do tamanho do estado de Goiás – o Japão – um suporte personalizado para cada agrupamento de empresas ou região, pode ser mais eficaz que um programa de âmbito nacional.
Japão, Espanha, Inglaterra e Coréia, Letônia e Estônia (mais recentemente) são exemplos de países que vem investindo em programas de design. A responsabilidade destes programas é preparar a base, instigar e assegurar o crescimento do design no país. Fortalecidas as empresas, serviços e seus produtos, a economia nacional é beneficiada com diferenciais competitivos no mercado internacional.
No entanto, esta fórmula não é tão simples quanto parece e tampouco de fácil execução. Não há uma solução pronta, que seja comum a dois países. O que se adota na Escandinávia não se aplica à Cingapura nem ao Brasil. Sendo economia e sociedade próprias de cada nação, a política de design terá primeiramente que atacar as deficiências do seu próprio contexto, que só poderão ser identificadas com uma compreensão apurada dos fatores que o influenciam.
E quando tudo parece complicado, com variáveis sócio político econômicas, torna-se necessário buscar a essência deste desafio. Percebe-se então que a criação de uma política de design requer o mesmo processo de qualquer outro projeto: gerar soluções criativas, operacionais e efetivas para os problemas identificados. Se o produto final será um programa de desenvolvimento de novos produtos, uma série de palestras, incentivos fiscais a empresas, um projeto de brand para a imagem do país, ou uma proposta inédita, isso dependerá muito da necessidade de priorizar ações. Mas acima de tudo dependerá dos recursos disponíveis, do apoio obtido e, logicamente, da criatividade do designer.
autora: Gisele Raulik
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Uma resposta
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