Fazer design para pessoas e não apenas consumidores

Desde pequeno eu já tinha uma pré-disposição para trabalhar com marketing. Na época, o meu target (palavra que eu vim a saber o que era muito tempo depois), eram as meninas do colégio e das matinês. Então o que eu fazia para me aproximar e conseguir conquistá-las? Não podia ser outra coisa, senão pesquisar o que elas pensavam e gostavam. Dessa forma, eu sempre procurava ler todo tipo de revista feminina que estivesse ao meu alcance: Claudia, Nova, Marie Claire, Capricho e Playboy (sendo muito utilizado o focus group nesse último caso).

Mas essas pesquisas não paravam por aí. Marketeiro que é marketeiro não pode ficar sem fazer a pesquisa de campo. Afinal, existem muitas informações importantes que não aparecem nesses relatórios. Foi aí que comecei a abordagem do público-alvo, podendo também ser chamada de xaveco. No meu caso, a informação mais valiosa que tive foi descobrir que ao contrário do que estava escrito nas revistas, as mulheres não se encaixam em estereótipos ou padrões de comportamento. Elas são muito mais imprevisíveis, complexas e paradoxais do que simplesmente me mostravam os anúncios, matérias sobre cirurgia plástica ou guia prático de sexo tântrico.

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Então você me pergunta: tá bom, já vi que você nunca foi o menino mais bonito da classe e teve que criar um diferencial competitivo, mas o que isso tem a ver com design? Tudo!! Porque com essa percepção hoje em dia adoro aprender mais sobre as pessoas, não apenas como consumidores, mas sim como pessoas únicas e especiais que todos nós somos. O que me fascina na área de design é justamente interpretar esses desejos, aspirações e motivações individuais, traduzindo da melhor forma possível em conceitos gráficos e peças de comunicação.

No caso das embalagens, existe uma série de atributos que devem ser transmitidos, garantindo o sucesso ou não da solução de design escolhida. Há muito tempo que elas deixaram de ser apenas uma forma de acondicionamento e transporte de produtos, ganhando um caráter icônico e simbólico. Por isso o estudo criterioso de imagens, cores e grafismos que fazem parte da embalagem é extremamente importante. Mas muito mais do que isso, a conceituação que dá suporte para a parte estética é que faz a grande diferença entre um grande projeto de design. É isso que vai criar vínculos emocionais e gerar identificação das pessoas com as embalagens e conseqüentemente o produto.

Caso precise de um designer, a melhor coisa que se pode fazer é desafiá-lo o máximo possível. Não perca tanto tempo discutindo a posição ou o tamanho do logo, a cor que não está agradando ou a fonte difícil de ler. Procure antes de tudo, questionar qual o conhecimento que ele tem sobre o público que se quer atingir? Que valores ele quer passar? Qual a linha de raciocínio para atingir o objetivo de ter uma comunicação efetiva com o público?

Garanto que o trabalho será muito mais gratificante para todas as partes. E no mínimo, evita a situação de um amigo meu que sempre levava fora das meninas. Ele andava todo arrumado, perfumado, com gel no cabelo e etc…Mas mesmo assim não conseguia se dar bem. A explicação é simples. Apesar de sempre ir conversar com as meninas que ficavam olhando e pareciam mostrar algum interesse, existia um detalhe fundamental. Como era míope e não usava óculos, muitas vezes as meninas não estavam realmente olhando para ele.

autor: Alexandre Mori
fonte: voxnews

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