Recentemente um amigo visitou o escritório central de uma grande corporação nos Estados Unidos e me contou que viu nos corredores desta empresa alguns pequenos quadros que diziam: “Para nós, você é tão bom quanto o seu resultado do último trimestre”.
Quando ouvi isso confesso que fiquei assustado com tanta franqueza, pra não dizer frieza, mas depois, analisando bem, conclui que é um excelente método de gestão: o da meritocracia!
Meritocracia é o método que consiste na atribuição de recompensa aos que possuem méritos. Um sistema de gestão que considera o mérito a razão principal para se galgar posições dentro de uma organização.
Esse é um conceito do qual muito se fala, mas pouco se aplica. Creio que isso aconteça, talvez, pela dificuldade de se apurar o mérito ou o valor agregado pelo avaliado. Para alguém de origem saxã (alemães, ingleses, holandeses etc.), é mais fácil entender do que para nós latinos. Nossa cultura valoriza muito o relacionamento, a amizade, a proximidade, os brindes, enfim, diversos itens que não têm muito a ver com resultados.
É por isso que muitas vezes injustiças são cometidas nas empresas, onde nem sempre o mais competente ou o que produz mais resultados é o que ganha mais ou é promovido. É comum ver aqueles que são amigos do chefe, os companheiros de happy hour, obtendo os melhores benefícios.
Empresas brasileiras seriam muito mais produtivas se os salários pudessem ser variáveis e pagos de acordo com critérios de produtividade, diferentemente do que preconiza a CLT, um conjunto de leis atrasadas, escritas no século passado, na década 40.
Além dos aspectos legais – que entravam o País tornando-o menos atrativo a investidores –, em muitas organizações predomina uma cultura que privilegia a bajulação e a troca de favores, onde os interesses da empresa são deixados de lado pra privilegiar aqueles que agradam o chefe.
Não tenho a pretensão de mudar aspectos culturais tão enraizados em nossa sociedade, mas, sim, chamar a atenção para a necessidade de se valorizar quem agrega valor, independentemente, desse alguém ser ou não um amigo.
Essa falta de interesse pelo resultado é grave e traz importantes consequências. Quando comparamos a produtividade de um trabalhador brasileiro com aquela apurada em outros países, constatamos que somos um dos países mais improdutivos do mundo.
Não podemos mudar as leis e a cultura, mas podemos iniciar a mudança dentro do nosso negócio, apurando, monitorando e premiando a produtividade e os resultados.
A seguir destaco passos de como iniciar:
1 – Tudo começa com a definição clara de metas. Todos devem saber onde se quer chegar, o que será considerado sucesso;
2 – Criar indicadores de curto prazo. Degraus que mostrem o quanto perto ou longe se está do objetivo;
3 – Definir uma política justa de premiação, que valorize as melhores performances;
4 – Informar constantemente ao avaliado sobre seu desempenho;
5 – Apurar sistematicamente e com frequência os resultados;
6 – Premiar, celebrar e festejar o atingimento dos objetivos.
Conheço alguns exemplos, mas reconheço que são raros os casos em que esse tipo de prática é bem aplicada dentro das empresas. Se quisermos negócios eficientes e rentáveis, precisamos aprender a valorizar quem agrega valor.
autor: Renato Maggieri
fonte: Portal da Propaganda