Vamos logo ao skip intro: Se compararmos as mulheres com as agências de propaganda, podemos dizer que ela tem a mesma atitude que elas, e nós, como eternos amantes e necessitados destas agências, tomamos as mesmas atitudes que tomamos no meio da publicidade. Vejamos: quando encontramos a mulher que julgamos ser a mulher de nossas vidas, é como se fossem as agências de nossas vidas profissionais, aquelas que a gente sempre sonhou em trabalhar, sabem? Na noite, nas baladas, no trânsito, nas ruas, no parque (no parque saiu meio brega, né?), nas filas de banco, enfim, em todos os lugares encontramos essas agências maravilhosas que, parecem pedir um portfólio seu na hora, não é? É por isso que precisamos estar sempre bem vestidos, afinal, a qualquer hora podemos encontrar uma agência à espera de um bom criativo, certo? Aliás, esta seria a fase da entrevista, nos preparamos bastante e jogamos aquela conversa tranqüila, como quem não quer nada, mas na realidade nós queremos uma vaga na agência, não importa o porte dela, quer dizer, que importa o porte isso importa, mas que gostamos de mostrar nossas pastas pra lá e pra cá isso é verdade, não tem jeito, gostamos de criar e isso é o que nos move, queremos mostrar nosso trabalho e sermos elogiados por nossas peças. Todo publicitário é um egoísta por si só, não tem como negar. Mas voltando à esta parte, a da entrevista, mostramos nosso portfólio, confiamos em nossas peças, mas como o mercado está concorrido demais, devemos (ou achamos) que nossa pasta é a melhor do mundo, ficamos seduzidos às vezes mais com nossa pasta do que com a agência às vezes, isso é um mal de criativos esperançosos por poder mostrar a criatividade nata em nossos neurônios. Falando em criatividade, é nesta hora que nós, pelo menos pela profissão, temos a obrigação de sermos mais criativos que os outros. Não que nós somos, mas trabalhamos com isso, então, não vejo ato mais prazeroso que inventar chamadas, perdão, cantadas. Não vamos plagiar conquistadores que levam os prêmios, vamos tentar fazer uma boa campanha minha gente. Ela pode não ser boa, mas pelo menos será genuína, original, verdadeira e isso, as agências gostam, não podemos fazer aquelas chamadas que todos fazem, devemos quebrar a cabeça e mostrar nosso melhor.
Ainda na entrevista, temos que nos vestir bem, mas não engomados feito almofadinha, sejamos nós mesmos, é isso que as agências buscam em um profissional, não tentar ser nada além de você mesmo. Mas podemos dar uma melhorada na pasta, sempre, isso vai do decorrer da entrevista, claro. Às vezes nos perdemos na entrevista porque a agência é muito boa, bem interessante, mas talvez não esteja gostando de nossa pasta, isso nos deixa chateados, é verdade, mas fazer o quê? Nem sempre somos contratados. E outra, falar de pretensão, só no final, quando ver que a agência tem interesse no seu trabalho.
O grande problema é que as agências, as belas agências, normalmente já tem seu quadro de funcionários totalmente enxuto, não precisam de mais ninguém na equipe, mas mesmo assim, é sempre bom mostrar seus jobs e deixar claro que é um profissional qualificado para encarar a empresa em questão. Muitas agências pequenas acabam pegando vários profissionais, muitas pegam estagiários a toda hora, nessas o trabalho pode acarretar num simples freela. Algumas pagam bem, aliás, os freelas são ótimos, tem uns que você até esquece de pedir registro por simples condições de estrutura, mas um job bem feito sempre te ligam pedindo outro, não é mesmo? O problema é quando te ligam bem no meio da noite, você desesperado pra entregar trabalho no dia seguinte e exigem um spot, um jingle ou um anúncio de duas páginas pra ontem e você, com seus neurônios totalmente fora do contexto deste trabalho, acaba não fazendo um bom trabalho, nestes casos é melhor você não pegar, é melhor avisar que tem cliente esperando o seu trampo e que este deve ser respeitado, nem sempre gostam de ouvir isso, mas entenderão que não terão um job tosco cheio de splash de varejo e impresso em PB com fonte arial. E se não salvar à tempo pode ser que dê pau na fonte, aí… já viu a dor-de-cabeça no dia seguinte. Tem vezes que grandes profissionais viram estagiários da noite pro dia diante de determinado cliente, tamanho é o fascínio pela conta conquistada.
Todos os criativos querem as agências da moda, não tem jeito, elas dão a você uma visibilidade muito melhor que as outras e fazem você crescer e aprender várias coisas. Com as mega agências você freqüenta festas do meio todo sorridente, desfilando como se estivesse com o crachá preso na testa. É bacana, é gostoso estar com as agências maiores, afinal, sempre tem um que pergunta: E aí? Em que agência você está? Aí quando você responde que está naquela holding gringa que só pegam caras que têm talento e que só recebem prêmios nacionais e internacionais, todo mundo te dá parabéns, claro que sim, mas é preciso tomar cuidado, pois agências grandes também mandam embora funcionários, às vezes por questões de caixa, mas normalmente, os que têm talento, ficam na agência e podem virar VP um dia. Mas o cuidado deve ser dobrado pois sempre tem alguém querendo sua vaga. E tem outra, pelo menos os publicitários mais românticos como eu, chega uma hora que preferem algo mais sólido, que dê uma certa estabilidade mas que, mesmo estando em uma agência com contrato assinado, que esta possibilite novos desafios, que ofereça jobs loucos e inusitados, campanhas gigantescas e que nos permita sermos criativos sempre, mesmo em condições difíceis, verbas reduzidas e que possamos fazer de um institucional conservador, uma propaganda gostosa de se fazer, pelo simples prazer de criar.
As médias são boas pra você aprender como funciona o mercado, o que é legal, o que deve ser feito e o que não é legal fazer, mas não esqueçamos das médias, elas dão uma base muito boa pra gente. As pequenas podem não dar aquela coisa que a gente quer, ou seja, o reconhecimento profissional e, por conseqüência, o status de uma puta agência renomada, mas é muito bom, pois você faz tudo, rala que nem um doido, aprende várias coisas, mas você não tem um bom salário, muito menos pra gastar por aí em festas, mas elas fazem bem sim, dão trabalho, mas nos dão muito prazer também. Algumas nem são reconhecidas pelo mercado, não é necessário esquentar a cabeça, mas se forem ruins demais, respire outros ares, tente mostrar pastas em outras agências, com certeza vai ter uma que gostará da sua pasta e, de cara, poderá abrir um sorriso envolvente já na entrevista, sempre tem uma que te dará mais valor, sempre tem.
Não podemos sempre querer as grandes, devemos ver também, com calma, se nosso portfólio está de acordo com a agência que você quer entrar, se a pretensão está compatível com o mercado, tem todos estes requisitos necessários para um bom emprego. Não são todas que dão carteira assinada, tickets refeição, pagam condução, oferecem regalias e afins, por isso temos que dar valor às pequenininhas também. As pequenininhas são gostosas de trabalhar…
Enfim, temos sempre que renovar nossas pastas e, freqüentemente, ver possibilidades melhores. Mas nunca devemos dispensar um bom freela, não é verdade? Não sejamos hipócritas, tem agências que preferem um bom temporário, não é? Ah… vai dizer que não? Fala sério…rs.
Peço compreensão para as associações ligadas ao meio que esta tese não faz parte de nenhum machismo mercadológico, por favor, é apenas uma avaliação do macro-ambiente. Espero que as agências não me mandem embora antes mesmo que eu faça parte do corpo de funcionários. Querendo ou não, são as belas e interessantes agências que nos fazem workaholics de plantão. E nós, criativos apaixonados, adoramos trabalhar até tarde, com pizza na mesa ou não.
Beijo carinhoso a todas as agências, inclusive às nem tão atraentes, e que elas continuem sendo nossas eternas fontes de inspiração. Sem elas não seríamos estes publicitários ávidos por reconhecimento profissional, trabalhos árduos e, dependendo, até um prêmiozinho.
Eu? Bem, eu busco um trabalho fixo, mas, por enquanto, estou fazendo só freelas.
Posso ligar e marcar uma entrevista?
autor: João Aranha
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