O surgimento da internet mudou relações de trabalho que duraram séculos. Agora, não é mais necessário ir para a empresa – em vez de ir ao escritório, basta ligar o computador de casa e pôr mãos à obra.
Trabalhar de casa traz economia. Quem escolhe o home office não precisa gastar com transporte, nem pagar caro para almoçar fora, por exemplo. Por outro lado, o profissional pode se distrair com as atrações que a casa oferece: um minutinho na geladeira, um carinho no cachorro ou uma soneca; coisas que podem consumir mais tempo que o previsto e implodir a produtividade. Disciplina é essencial.
Assim como tem muita gente empreendendo de casa, há pequenos empresários que, com os benefícios do home office em mente, têm funcionários atuando remotamente. Mas como o trabalho remoto também tem seus pontos negativos, resta a minimizar o que o home office traz de ruim.
De acordo com Marcelo Aidar, especialista em empreendedorismo e novos negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o chefe de um funcionário remoto deve ter em mente que a entrega das tarefas é o objetivo principal da relação de trabalho.
Aidar listou algumas dicas para quem tem colaboradores trabalhando de casa. Saiba quais são:
– Seja mais tolerante: na relação entre chefe e funcionário pelo computador, fatores como comportamento e aparência do colaborador se tornaram menos relevantes do que em uma relação presencial. “A entrega das tarefas é mais importante. Não interessa se a pessoa trabalha de madrugada e usando pijamas. Se ela fizer o que for pedido, está tudo bem”, diz Aidar.
De acordo com o especialista, o foco no resultado exige tolerância. “O chefe precisa lidar com seu colaborador de uma maneira bem diferente do que acontecia antes”, afirma.
– Mas pense em metas: ser tolerante é bem diferente de não cobrar, no entanto. De acordo com Aidar, a forma como as pessoas lidam com o home office varia bastante. “Tem gente que não rende tudo o que pode sem supervisão.” Para evitar quedas de produtividade, o professor recomenda que um cronograma de tarefas seja estipulado. “Pode haver a liberdade, mas algo tem que ser feito para garantir o cumprimento das metas”, diz Aidar.
– Motivar é se reunir (e pessoalmente): quando perguntado sobre maneiras de motivar trabalhadores remotos, Aidar diz que a melhor forma de manter o funcionário produtivo é por meio de reuniões – conduzidas pessoalmente, de preferência. “Em uma conversa, é possível estimular o colaborador e alinhar o que está certo ou errado no trabalho”, afirma o professor.
– Converse: se um encontro presencial não for possível, Aidar diz que uma ligação, pelo menos, é importante para estreitar laços entre chefe e subordinado. Recursos gratuitos, como o Skype, são ótimos aliados nessas reuniões. “Há alguns anos, na época da crise econômica, várias multinacionais usaram videoconferências para eliminar custos com viagens e o fizeram com sucesso.”
– Faça rituais: uma dica importante para orientar funcionários que não têm disciplina suficiente para trabalhar em casa é o estabelecimento de rituais, práticas que marquem que o horário de trabalho começou e quaisquer interrupções não são bem-vindas. “Quando o home office surgiu, havia especialistas dizendo para as pessoas colocarem terno e gravata na hora de trabalhar. Não precisa ser assim, mas os rituais são importantes”, diz. Banho, café da manhã ou o desligar da televisão podem ser boas opções para demarcar o início do expediente.
– Use aplicativos a seu favor: a internet conta com boas ferramentas para ajudar o seu funcionário a trabalhar bem de casa. Para evitar a procrastinação na internet, recomende o RescueTime para o colaborador. Se a necessidade for um acompanhamento mais rigoroso, o Time Doctor pode ser um aliado. O programa gera relatórios diários sobre as atividades digitais do usuário, como sites visitados e programas usados durante o horário de trabalho.
Indicado para projetos coletivos, o iDoneThis envia e-mails automáticos sobre as metas atingidas pelos membros da equipe durante o dia. Já o Basecamp reúne as principais ferramentas de gestão, como compartilhamento de dados, murais de comunicação e edição coletiva de projetos em tempo real.
autor: Adriano Lira
fonte: http://revistapegn.globo.com/