Não é difícil de se imaginar que existe uma verdadeira legião de criadores de campanhas publicitárias que se servem das fragilidades arquetípicas para que se consumam produtos. Vejamos, por exemplo, o primeiro arquétipo de nascimento: “O INOCENTE” que, ao estar distorcido de outras vidas, veio nessa existência para recuperar a simplicidade infantil. E assim, redes de fast-foods contemplam esse cidadão que busca um lugar onde serão encontradas festas infantis, brindes bem pueris, ambiente bastante colorido e um ar de constante dia de festa. Esses locais estarão sempre cheios de pessoas cujo arquétipo “O INOCENTE” supre as suas necessidades, pelo menos, momentaneamente.
“O ÓRFÃO” é outro arquétipo de nascimento que trazemos de outras vidas, numa referência às experiências de pré-adolescência em outras encarnações. Vem buscar a conexão com os outros e quer pertencer a um grupo. Os produtos que usaram uma estratégia para buscá-los foram os de vestuários (jeans), carros populares, fazendo com que esses arquétipos se sentissem acompanhados na escolha do produto.
“O GUERREIRO” que nos traz as distorções de outras vidas na fase de juventude, identifica, em determinados produtos, tais como tênis famosos e carros esportivos, a recuperação de sua coragem e do seu valor.
“O CARIDOSO” é um arquétipo que busca, nesta vida, proteger a todos do mal. Produtos de limpeza que sugerem cuidar dele e protegê-lo contra bactérias, sujeira, etc., encontram nO CARIDOSO distorcido, um excelente consumidor.
“O PEREGRINO” busca o equilíbrio saindo por aí e descobrindo quem ele é. O marketing melhor pra fisgá-lo será o de produtos que pregam a liberdade: motos e bicicletas, roupas resistentes, etc.
“O DESTRUIDOR” vem para compreender a mortalidade e o desapego. Normalmente, aparece em nós revestido de rebeldia e os produtos que mais lhe chamam a atenção são aqueles que transgridem, tais como o cigarro e o álcool. Carros esportivos que desenvolvem alta velocidade e algumas marcas de batom que sugerem o perigo da “femme fatale” também funcionam.
O arquétipo do “AMOROSO” vem buscar a intimidade e a experiência do prazer. Cosméticos, joalheria, moda e turismo, além de filmes e livros são os que mais apelam ]como cilada aos que estão com este arquétipo em desequilíbrio.
“O CRIADOR” é a conexão perdida com a criatividade. Móveis, decoração, objetos de arte, o próprio marketing das religiões, são apelos aos que estão precisando se religar.
“O GOVERNANTE” quer liderança, poder e controle. Com este arquétipo, os publicitários não têm nenhuma dificuldade. Cartões de crédito, computadores, instituições financeiras, mercado imobiliário, grifes famosas, revistas dirigidas ao público-alvo classe “A”, etc.
“O MAGO” quer recuperar o seu conhecimento sobre as leis fundamentais do Universo. Campanhas que lhe sugerem provar uma bebida mágica, ou mesmo um medicamento que irá trazer-lhe o milagre da cura, a máquina copiadora que executa o milagre da multiplicação, e assim vai. Todos os produtos que trazem alguma mudança na vida.
“O SÁBIO” que traz as experiências vividas e o conhecimento adquirido, quando está em desequilíbrio é presa fácil quando é alcançado pelo marketing da assinatura de jornais e revistas. Funciona também na venda de programas de computador, livros, cursos, etc.
“O FELIZ” está empenhado em viver plenamente o aqui e agora. Os publicitários o seguram pela vontade de comer biscoitos e se sentirem crianças de novo. Um concorrente de uma marca famosa de refrigerante, por algum tempo, usou a imagem de um ídolo de rock associado às crianças. Este mesmo ídolo teve que enfrentar os tribunais por pedofilia. Óbvio que a imagem do refrigerante acabou saindo arranhada. Mas a idéia é essa: pegar os indivíduos que estão dentro da frase “absolutamente fácil de usar”. São os consumidores que têm dificuldade em usar um controle-remoto ou mesmo um computador e que se sentem meio excluídos por isso.
Bem, agora que descrevi como somos capturados, ardilosamente, pelo universo da propaganda, cujo produto é estudado na sua essência arquetípica antes de chegar aos outdoors, revistas, jornais, rádios e televisões, faça você mesmo um teste e observe, durante um dia, tudo o que lhe chama a atenção e o interesse e verá, com muita segurança, quais os seus arquétipos de nascimento que estão mais vulneráveis. Sugiro, para uma melhor compreensão, a leitura do artigo “Os Arquétipos de Todos Nós”.
autora: Vera Ghimmel
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