A Fórmula de Lançamento é uma metodologia desenvolvida por Jeff Walker, chamada originalmente de Product Launch Formula. No Brasil, muitas pessoas atribuem erroneamente a criação desse método exclusivamente ao nome de Erico Rocha, mas a verdade é que ele adaptou o modelo, já consolidado nos Estados Unidos, ao mercado brasileiro. Durante a última década, e especialmente na pandemia, essa fórmula ganhou força por aqui, impulsionada pelo boom de cursos online e a promessa de faturamentos astronômicos em pouco tempo.
No início, parecia uma solução inovadora para alavancar negócios digitais e lançar infoprodutos. Porém, com o passar do tempo, muitas pessoas começaram a perceber problemas nesse modelo, que se tornou quase uma “receita pronta”.
O Boom Durante a Pandemia
Durante o isolamento social, os cursos online se tornaram a principal opção para quem buscava aprender novas habilidades ou empreender no digital. Foi o momento perfeito para a Fórmula de Lançamento se consolidar como o “padrão ouro” no mercado de infoprodutos. As promessas de faturamentos expressivos em poucos dias atraiam empreendedores e criadores de conteúdo, impulsionando treinamentos e mentorias que ensinavam como replicar esse modelo.
Entretanto, com tantos negócios aplicando a mesma estratégia, começaram a surgir efeitos colaterais. O que antes era visto como revolucionário passou a ser percebido como desgastante e até invasivo.
Quando a Estratégia se Transforma em Ruído
A queixa que mais ouvimos é que a Fórmula de Lançamento, em sua essência, prioriza o “evento de venda” em detrimento da experiência do usuário. Veja um relato real de alguém que se inscreveu em um curso com essa abordagem:
É impressionante como esse modelo de lançamento destruiu a experiência de cursos. Me inscrevi num ali, aí tem que entrar em grupo de WhatsApp, grupo de Facebook, uma cadência gigantesca de e-mails, dia de receber 6/7 e-mails.
Cara, que inferno, eu só queria aprender o negócio. No fim, desisti porque não aguento essa encheção de saco.
Esse tipo de experiência reflete o desgaste de um modelo que muitas vezes ultrapassa os limites do usuário, que está mais interessado no conteúdo do que em participar de uma maratona de vendas.
Por que o Desgaste Aconteceu?
Excesso de Informações
A promessa de alto engajamento da audiência acabou se transformando em um bombardeio de mensagens. Grupos de WhatsApp, e-mails diários e notificações constantes geram ansiedade e afastam os consumidores.
Expectativa Exagerada
A Fórmula de Lançamento vende o sonho de ganhos exponenciais em curto prazo, mas nem sempre entrega resultados. Muitos negócios pequenos não possuem audiência ou estrutura suficiente para sustentar o volume de tráfego e atendimento exigido.
Massificação do Modelo
Quando todos aplicam o mesmo método, ele perde impacto. Consumidores já sabem “onde aquilo vai dar” e se tornam imunes à escassez artificial e ao senso de urgência.
Foco na Venda, Não no Conteúdo
O aluno ou cliente sente que o objetivo principal é vender, e não entregar conteúdo de qualidade. Isso resulta em cursos mal planejados e uma experiência aquém das expectativas.
É o fim da Fórmula de Lançamento?
Não necessariamente. A Fórmula de Lançamento não está morta, mas precisa ser repensada. Estratégias genéricas e invasivas não funcionam mais com um público que está cada vez mais exigente e seletivo. Para muitos negócios, a construção de um relacionamento contínuo com a audiência, por meio de conteúdo consistente e focado em resolver dores reais, pode ser muito mais eficaz.
Além disso, o foco deve mudar: em vez de criar “grandes eventos” esporádicos, é possível adotar estratégias mais sutis e consistentes de marketing, como vendas perpétuas, funis contínuos e conteúdos educativos que convertem sem pressionar.
Conclusão
A Fórmula de Lançamento teve seu auge e trouxe lições importantes para o marketing digital, mas seu desgaste é evidente. O que aprendemos com isso é que o consumidor atual valoriza mais a experiência, o conteúdo e a autenticidade do que as promessas de escassez e urgência.
Para empreendedores, o desafio é adotar estratégias que priorizem a experiência do usuário e estabeleçam confiança ao longo do tempo, e não apenas durante uma semana de vendas intensas. Afinal, a confiança é construída a longo prazo, e não em um lançamento.