Vitimização, segundo o dicionário é ato ou efeito de (se) transformar em vítima. Auto-vitimização acontece quando uma pessoa ou instituição se coloca no papel de vítima ou pessoa perseguida para anular críticas, opiniões ou objeções contra as quais não consegue contra-argumentar. Auto-vitimização é um tipo de manipulação de natureza emocional que ocorre quando se esgotam os argumentos e o debate precisa ser suspenso por por falta de lógica em seus posicionamentos.
Esse tipo de comportamento pode ocorrer em diversos contextos na vida, mas se conseguirmos identificá-lo é necessária a extinção deste comportamento, pois ele é prejudicial tanto para a vida pessoal como na vida profissional. Em nossas relações humanas, todos nós estamos sujeitos a cair nesta armadilha.
Na maior parte dos casos, a suposta “vítima” confunde ideias com sentimentos, ideologias com pessoas, apologética com ofensa pessoal, e no fundo revela certa falta de modéstia em admitir que simplesmente pode estar errada. No pior cenário, a auto-vitimização é uma espécie de desonestidade intelectual, pois quem defende suas ideias se torna o grande vilão, e o que se vitimiza pode conseguir adeptos que são exatamente como ele: “vítimas” de um sofrimento virtual que só tem plausibilidade na teimosa da sua imaginação. A auto-vitimização precisa de uma plateia para funcionar.
A auto-vitimização é um traço que aparece com muita frequência no discurso das pessoas que tendem a apresentar a fantasia de que não são responsáveis por nenhuma parcela do próprio sofrimento. Essas pessoas estão sempre colocando a “culpa” de seus problemas no governo, em sua família, na economia ou até mesmo na sorte! Para que haja mudança nesta posição subjetiva é preciso que ocorra um processo de elaboração psíquica que leva a pessoa a se dar conta de como ele próprio contribui para a manutenção do seu sofrimento.
Pra você entender melhor vou dar um exemplo de auto-vitimização, veja abaixo um caso clínico que li recentemente:
Uma paciente vem ao consultório queixando-se de que as pessoas com as quais convive na faculdade e no ambiente de trabalho sistematicamente a rejeitam por considerarem-na chata. A fim de compreender melhor a lamentação da moça, o terapeuta pergunta a ela se alguma daquelas pessoas já lhe disse explicitamente que ela era chata. A paciente diz que não, que, na verdade, ninguém nunca lhe disse isso, mas ela consegue perceber que é essa a visão que as pessoas têm dela. Notando uma boa oportunidade para uma intervenção, o terapeuta diz: “Então não são as pessoas que lhe veem como chata. É você que imagina que elas pensam isso de você.”. Ao se perceber flagrada em sua auto-vitimização, a paciente tenta se defender, mas acaba se denunciando novamente: “Não! Isso não é coisa da minha cabeça! Eles realmente me acham chata. Por isso, eu quase não converso com ninguém. Povo metido…”.
Neste exemplo é possível perceber que o que é verbalizado tem o único propósito de justificar a fantasia de que são vítimas da maldade de outras pessoas.Em outros termos, é como se implicitamente estivessem dizendo a todos: “Eu sofro porque o mundo me faz sofrer. O mundo tem que mudar, não eu.”. Inicialmente eles veem a si mesmos apenas como vítimas das ações cruéis de outras pessoas e geralmente não percebem que eles próprios, de uma forma inconsciente e repetidamente não-verbal, acabam estabelecendo as condições para que lhes aconteça exatamente aquilo que não gostariam que acontecesse.
Mas também fica claro que a moça que reclama de ser considerada chata contribui de uma forma muito significativa para que suas queixas se mantenham. E não percebe que ela própria se exclui das relações com as pessoas e não o inverso. E ela se exclui por imaginar que os outros a consideram chata, sendo que ninguém jamais lhe disse isso. Pode-se concluir, portanto, que ela própria, antes dos outros, se vê como chata. Trata-se de um auto-julgamento que provavelmente já faz com que ela se coloque frente às outras pessoas de um modo tímido e receoso – atitude que, naturalmente, não favorece ninguém nas relações interpessoais.
Seja a mudança que você quer ver no mundo.
Dalai Lama
A auto-vitimização é um tipo de comportamento que é nocivo tanto para a própria pessoa como para as de seu convívio. São pessoas muito difíceis de ajudar, pois não aceitam críticas e conselhos. Pois o que é falado pode virar “munição” contra você. No âmbito das finanças pessoais e/ou Educação Financeira para que haja mudança em sua situação, o primeiro passo e é se desvencilhar e abolir estes comportamentos prejudiciais!
Para Refletir
Se uma pessoa que sente que todos estão contra ela, que nada dá certo e ainda não vê “luz no fim do túnel” e acha que o mundo todo está errado e só ela está certa… Será que não há algo errado? Faça foco no que há de positivo e no que há de bom na situação. Se você parar de olhar para o problema e virar o rosto um pouquinho, é possível que você enxergue a solução mais facilmente!
autora: Yara Cristina
fonte: Blog Financeiro – Resenha Virtual
Respostas de 2
E como se relacionar com alguém assim?
Onde vc aponta algo que a pessoa vacilou, fez errado, e pra encerrar o assunto, sempre diz, sou o pior marido do mundo, se meu filho fala algo que ele não fez legal, ele simplesmente encerra a discussão, tá bom tá bom sou o pior pai do mundo! Nunca se desculpa, e sempre se faz de pior alguma coisa, falando algo tipo: tá bom sempre eu que faço errado!
Não sei se fico quieta, não sei se falo q ele não é, não sei se concordo!
Pq no final da conversa ele quem saí bravo pela critica, ou falta de argumento, e acaba diminuindo ou deixando indiferente oq eu vim falar…
digo que é mto mto mto frustante!
perfeita explanação! convivo com vizinha de porta que possui esse comportamento; no inicio voce ate tenta ajudar; mas com o tempo, percebe-se que a pessoa nao quer ajuda