O Dia dos Namorados é 12 de junho. Estamos no Brasil. Não há no Brasil um motivo histórico especial para a criação do Dia dos Namorados. Na pátria do capitalismo, os Estados Unidos, o dia dos namorados se chama “Valentine’s day”, e tem a ver com San Valentine. No Brasil, um país onde alguns acreditam que o capitalismo não combina com o amor, o Dia dos Namorados foi criado de forma exclusivamente capitalista. É uma véspera do santo casamenteiro, Santo Antônio, mas não pense que o nosso Dia dos Namorados tem a ver com ele. Nossa data foi introduzida pelo publicitário João Dória em 1949. Ele era da então Agência Standard de Propaganda. Foi uma encomenda das lojas Clipper à Standard. Por tal feito, a Standard ganhou um prêmio. Mas poderia ter ficado por aí. A data “pegou” mesmo dado que a Confederação do Comércio de São Paulo colocou o dia 12 do mês de junho, uma época de baixa nas vendas, em seu calendário. O slogan era: “nem só de beijos vive o amor”.
No Japão existem dois dias dos namorados. O primeiro é 14 de fevereiro, quando as mulheres dão presentes e chocolates para amigos, namorados e afins. E no dia 14 de março é a vez dos homens retribuírem o presente.
É irônico, não? O Dia dos Namorados tipicamente capitalista é … brasileiro! Paulistano.
Nos Estados Unidos, a data tem a ver com a história de Valentine. Ele viveu no Império Romano, sob a época de Claudius. Foi uma época em que os romanos não estavam muito motivados a se inscrever no Exército. Os homens pareciam não querer deixar suas esposas em casa, e muito menos deixá-las viúvas por conta de irem para as guerras. Para um império, isso não era boa coisa. Então, Claudius resolveu tomar uma medida radical – meio maluca por sinal. Proibiu todo mundo de se casar. Verdade! Sabe o que aconteceu? Não sabe?
Ora, os jovens acharam aquilo muito cruel. Mas Valentine achou aquilo não só cruel, mas terrível para ele próprio, que era sacerdote. Seu trabalho diário era casar as pessoas. Valentine adorava o seu trabalho, e então passou a casar as pessoas secretamente. A grande subversão da época, então, se tornou a atividade de casar em lugares muito escondidos. Sem convidados, é claro. Uma cerimônia que tinha de ser feita em muito silêncio. Um casamento de sussuros.
Mas bastou um dia sem sorte e … pimba! Valentine foi descoberto. Os noivos que ele estava casando escaparam, mas sua prisão foi fácil. Os soldados o levaram, ele foi julgado e sua pena foi a máxima: morte. Mas aí aconteceu o que o tinha de acontecer, para nós que acreditamos no amor: as pessoas começaram a querer visitar Valentine, a entregar flores pela janela do calabouço. Mandavam bilhetes também. A notícia de sua prisão se espalhou, e muitos iam ter com ele nas janelas da prisão. Foi então que a filha de um dos guardas da prisão quis ver Valentine pessoalmente, lá na cela. Seu pai conseguiu um modo disso acontecer. Eles passaram horas conversando na cela. E isso se repetiu muitas vezes. Valentine suportou a prisão graças a isso. No dia da execução, Valentine deixou com um amigo um bilhete para a moça: “Amor, de seu Valentine”. Ele foi executado em 14 de fevereiro de 264 da Era Cristã. Mas o seu gesto de entregar um bilhete dizendo “amor”, virou um símbolo. Trocar bilhetes, palavras e objetos seguidos de declarações de amor se tornou uma prática rápida em Roma. Foi o modo que a população mostrou a Claudius que ele não podia impedir as pessoas de se amarem, e ao mesmo tempo foi o reconhecimento de todos ao que Valentine representou.
Não é uma história bonita? Triste, é claro. Mas linda, não?
Mas não pense você que tudo começou com Valentine. Aliás, a própria identidade de Valentine é um tanto confusa. Não sabemos corretamente como tudo começou. Muito antes de Valentine, o 14 ou o 15 de fevereiro e os dias seguintes, em Roma, já era uma época de festa relativa a encontros entre homens e mulheres. As mulheres eram postas em caixas, e os homens as tiravam. Se tivessem sorte, pegavam uma boa mulher. Esses festivais pagãos foram objeto de preocupação da Igreja Católica. Quanto a Igreja surgiu como substituto do Império Romano Pagão, ela procurou desmantelar os festivais pagãos, os templos, as práticas velhas. Há quem diga, por exemplo, que o festival desse período – Lupercalia – era uma época em que as mulheres, só com roupas menores, eram espancadas para sarar da infertilidade e outras coisas do tipo. A Igreja transformou tais datas. O festival de Lupercália é, para alguns, o que depois virou a período de purificação da Virgem Maria. Há quem diga que tais festivais é que realmente tem a ver com a tradição ligada ao “Dia dos Namorados” ou algo assim.
O Papa Gelasius transformou o 14 de fevereiro no “Dia de Valentine” em 498 a.C. Durante a Idade Média tal data se fundiu ao que começaram a considerar o “dia dos apaixonados”.
Nos Estados Unidos o “Valentine’s Day” foi introduzido em 1700. Há historiadores que apontam que os cartões impressos, do “Valentine’s Day”, começaram a aparecer a partir de mais ou menos 1840, por conta da artista Esther Howland. As pessoas começarem a entregar tais cartões na tal data. Eles teriam substituído uma série de outros cartões, feitos na Europa muito antes, de modo bastante artesanal, não raro com apelos sexuais mais explícitos.
Nos Estados Unidos o Valentine’s Day não é um dia comercial com a mesma conotação do nosso “Dia dos Namorados”. Na pátria do capitalismo, em geral, não há consumo muito intenso na maioria dos dias ou períodos em que aqui temos o hábito de consumir, de comprar loucamente.